terça-feira, 19 de julho de 2011

Primeiro cântico

No centro do lago há um brilhante que reflete a luz do sol.
Lá está meu coração.
Lançado para fora de mim.
Lançado de encontro ao mundo.
Perdido.
Perdido de mim.
Perdido em Teu seio.

(Julho de 2011)

sábado, 16 de julho de 2011

A relíquia

A terra descansada vê o voo do pássaro selvagem.
O voo é belo, o pássaro está forte.
Mas o pássaro não é seu próprio guia, há um deus o atraindo.
E a terra sabe que nada pode contra um deus.
Mas em seu seio há também o toque do sagrado.
E ela, dia-a-dia, cuida para que o ninho do pássaro esteja sempre pronto para recebê-lo de volta. Se ele não vier, o ninho se transformará em relíquia e a terra não deixará de nutri-lo.

(Julho de 2011)

sábado, 9 de julho de 2011

Primeiro olhar

passeio pelo mundo como quem acaba de nascer
meus olhos estão livres e veem cada coisa pela primeira vez
a beleza de tudo puxa de minha alma um pranto que não se derrama
apenas me umedece
e úmida de desejo
me abro para a experiência inteira
de ser um ser da natureza –
um ser pronto para a morte

(Julho de 2011)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Depois

A terra e o pássaro selvagem, depois de atravessarem a dor de se perderem, depois do voo do pássaro por terras novas e encantadoras, depois do amadurecimento da terra na consciência de sua impotência, perceberam, não sem espanto, o que jazia impassível no espaço livre entre os dois: tinham juntos construído uma realidade, e a ela só se podia dar o nome de amor.

(Julho de 2011)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O pássaro selvagem

O pássaro selvagem partiu.
A terra toda tremeu com seu voo.
Ele voa alto e belo.
A terra toda vigia seu voo.
O pássaro voa sem olhar para trás.
A terra espera por seu pouso.
Quando o pássaro selvagem procurar por descanso,
a terra transformada terá refeito o seu ninho.

(Julho de 2011)