sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Espera

O pássaro selvagem repousa no coração da sua terra.
Ele não sabe, mas lá está em repouso.
Ele não quer, mas lá permanece.
A terra, toda coração e garganta,
mal respira, sufocada pelo pássaro que não voa,
mas que também não morre.
Em espasmos, ela tenta retirá-lo.
Em agonia, ela o retém.
Entregue, a terra espera.
E já nem sabe o quê -
se o alívio do voo definitivo do pássaro
se a alegria de sua permanência consentida.
Espera, porque nada mais pode.
Espera, porque nada mais.
Espera, porque.
Espera.

(Setembro de 2012)