sexta-feira, 28 de julho de 2017

Ferida

Pego nos braços o cão ferido
aperto, sufoco
respiro por ele.
Toco a ferida e ela é minha.
Sopro para reviver
e é a mim que revivo.
O cão entranhado
percorre o meu de dentro.
A ferida se expõe
de dentro para fora.
Cheia de chagas
purgo
e o pus me limpa e me mostra.
Matéria bruta
que é minha e sua.
Que é do cão e da ferida.
Etérea e carnal.
Fio de água no leito morto do córrego
fio de sangue no corpo morto do cão.
Fio que vive.

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