quinta-feira, 31 de maio de 2012

Do que sinto falta

Sinto falta de coisas simples
como café com bolo
sexo
e doce de leite na colher.
Sinto falta do sorriso na hora de acordar
da companhia no banho
e até da raiva na hora da despedida.
Sinto falta da esperança
de ler uma mensagem nova
da alegria de um poema
e do abraço cheio de saudade.
Do cinema
dos jantares
da cozinha
das viagens.
Sinto falta do que virou passado
antes de ter se tornado plena realidade.

(Maio de 2012)

sábado, 19 de maio de 2012

Depois da procura

No meio do peito explode uma estrela
Força - Luz - Calor

No meio do peito nasce uma raiz
Broto daquilo que

         eu sou

E daqui para a frente
Não há mais procura

Há apenas o correr tranquilo
das águas de um rio manso
que corre a seu tempo
e que se nutre da vida orgânica
que corre com ele -
ele próprio serpente límpida
que penetra a terra sem se esgotar

Há apenas o correr tranquilo
das águas de um rio morno
que aquece sem queimar
e refresca sem esfriar

Calor tenro de fruta madura
que se doa à mão que colhe -
fruta macia que se adere à língua
e alimenta enquanto acaricia

Há apenas um
ânimo
um sonho, um afago
uma vida que se une a seu destino

(Maio de 2012)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Um bicho qualquer

Sonhei com uma girafa-camelo na beira da praia.
A praia era pequena, ela andava sem jeito e tinhas listas de zebra.
Eu olhava sem susto -
escondida no meio do meu corpo, a certeza:
eu sou assim também, uma girafa-camelo com listas de zebra,
uma junção de coisas de carne e peso,
um bicho passando pelo chão da terra,
um bicho qualquer.

(Maio de 2012)