Minha casa nova tem cheiro de terra molhada.
Entrar nela é como entrar dentro de um sonho.
(Novembro de 2011)
terça-feira, 29 de novembro de 2011
sábado, 19 de novembro de 2011
Diário de uma mulher não moderna III
Reencontro, a passos lentos, meu lugar no mundo. Não é um lugar de destaque, não é nem um lugar rentável, muito menos um lugar cobiçado.
É só o lugar que me cabe, feito sob medida. Um canto onde piso na terra e deixo a marca dos meus pés, por um tempo qualquer, antes da chuva.
Depois da chuva, a terra lavada não revela nada, e eu, feliz com o cheiro da terra molhada, nem me lembro de que havia o mercado e de que era meu dever me inserir nele.
(Novembro de 2011)
É só o lugar que me cabe, feito sob medida. Um canto onde piso na terra e deixo a marca dos meus pés, por um tempo qualquer, antes da chuva.
Depois da chuva, a terra lavada não revela nada, e eu, feliz com o cheiro da terra molhada, nem me lembro de que havia o mercado e de que era meu dever me inserir nele.
(Novembro de 2011)
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Meu pai morreu
Meu pai morreu –
o que vai ser de mim
tão menina
tão sem jeito
tão precisada de pai, meu deus?
Meu pai morreu há tantos anos –
o que foi de mim
tão menina
tão sem jeito
tão precisada de amor, meu deus?
Meu pai morreu de novo
junto do meu sonho de não deixar morrer
nada que fosse bonito
como o abraço do meu pai.
Meu pai morreu de novo
junto do meu sonho-paixão de cuidar de tudo o que é belo
e não deixar morrer o que merece viver.
Meu pai morreu de novo
junto do meu sonho-desejo de ser capaz de fazer viver o que está à morte.
Meu pai morreu de novo
junto do nascimento do meu fracasso em salvar da morte o que é belo.
Meu pai morreu finalmente, definitivamente.
E eu agora não salvo, nem mato,
apenas vivo a vida que me cabe.
E quando a emoção quase me faz ser maior do que sou, me lembro:
nem Deus é maior do que Ele.
E fico pequena, e descanso pequena, e deixo morrer e viver.
E choro e rio com o que vive e morre, em mim e fora de mim.
Meu pai morreu.
Ah, meu pai morreu.
(Novembro de 2011)
o que vai ser de mim
tão menina
tão sem jeito
tão precisada de pai, meu deus?
Meu pai morreu há tantos anos –
o que foi de mim
tão menina
tão sem jeito
tão precisada de amor, meu deus?
Meu pai morreu de novo
junto do meu sonho de não deixar morrer
nada que fosse bonito
como o abraço do meu pai.
Meu pai morreu de novo
junto do meu sonho-paixão de cuidar de tudo o que é belo
e não deixar morrer o que merece viver.
Meu pai morreu de novo
junto do meu sonho-desejo de ser capaz de fazer viver o que está à morte.
Meu pai morreu de novo
junto do nascimento do meu fracasso em salvar da morte o que é belo.
Meu pai morreu finalmente, definitivamente.
E eu agora não salvo, nem mato,
apenas vivo a vida que me cabe.
E quando a emoção quase me faz ser maior do que sou, me lembro:
nem Deus é maior do que Ele.
E fico pequena, e descanso pequena, e deixo morrer e viver.
E choro e rio com o que vive e morre, em mim e fora de mim.
Meu pai morreu.
Ah, meu pai morreu.
(Novembro de 2011)
sábado, 12 de novembro de 2011
Minha pequena profissão de fé
Creio que há um Mistério que é maior do que eu e que me habita.
Creio que este Mistério vem em meu auxílio.
(Novembro de 2011)
Creio que este Mistério vem em meu auxílio.
(Novembro de 2011)
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Hoje
Sonhei que tudo estava vivo depois da morte -
ah, não falo do paraíso dos que sonham com o além,
falo da vida que borbulha incessante
enquanto a morte leva o que é seu de direito.
(Novembro de 2011)
ah, não falo do paraíso dos que sonham com o além,
falo da vida que borbulha incessante
enquanto a morte leva o que é seu de direito.
(Novembro de 2011)
sábado, 5 de novembro de 2011
Cartas marcadas
De repente uma vontade: nunca mais dormir -
de olhos abertos, vigiar o mundo,
e manter tudo vivo,
tudo vivo em seu lugar.
Com olhos atentos,
perceber cada pequena fragilidade do mundo
e correr lá com meu sopro,
e deixar tudo aprumado,
sem sombra da morte.
Mas meus olhos pesam
e o sono me vence.
O cansaço é minha rendição frente
àquela que não se cansa.
Nunca.
(Novembro de 2011)
de olhos abertos, vigiar o mundo,
e manter tudo vivo,
tudo vivo em seu lugar.
Com olhos atentos,
perceber cada pequena fragilidade do mundo
e correr lá com meu sopro,
e deixar tudo aprumado,
sem sombra da morte.
Mas meus olhos pesam
e o sono me vence.
O cansaço é minha rendição frente
àquela que não se cansa.
Nunca.
(Novembro de 2011)
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Passagem
Estou deitada, nua, sobre a terra úmida. O cheiro tenro da terra me preenche. A brisa suave me acaricia. O calor do sol me amolece. Estou feliz e vejo o ninho do pássaro se desfazer em milhares de filetes de memória.
Eu, que sou a terra, estou prenhe depois de ter virado a esquina em que o pássaro selvagem se perdeu.
(Novembro de 2011)
Eu, que sou a terra, estou prenhe depois de ter virado a esquina em que o pássaro selvagem se perdeu.
(Novembro de 2011)
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