quarta-feira, 23 de março de 2011

Diário de uma mulher não moderna I

A mulher moderna tem muitas faces. Concilia o trabalho, o amor e a família, sem se descuidar da própria beleza. Todas as faces se ajudam mutuamente, e nenhuma delas prejudica as outras.
Foi pensando sobre isso que descobri que não sou moderna.
Não consigo me lembrar de todos os cuidados exigidos pelos salões de beleza. Mas tento preservar o brilho dos olhos.
Não construí ainda uma carreira bem sucedida, e já passo dos quarenta. Psicóloga sem clientela, professora de filosofia com poucos alunos, escritora com poucos leitores, tradutora iniciante.
Mas tenho filhas que vêm crescendo ao meu lado, e são alegres e tranquilas. E tenho um amor que me faz feliz. E quando temos problemas, temos tempo para sentar e conversar, eu e elas, eu e ele.
Nada conciliado: Criar filhas atrapalhou minha carreira, e de estudante brilhante passei a profissional sempre iniciante. Quando trabalho, sofro a distância das filhas. E os dias passam, e não estou desocupada e a vida corre e o tempo é sempre belo.
Me ocupo muito no entendimento das coisas e até já sei: É bom não ser moderna.

(Março de 2011)

Um comentário:

  1. A mulher e o homem moderno se perdem facilmente entre as muitas coisas de que supostamente estão cuidando. Você se encontrou.

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