sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Impotência

Dizem que a vida é vasta.
Pois sim, a vastidão do céu é aterradora.
Mas a vida, a vida mesma,
a minha, a sua, uma vida qualquer -
ah, a vida teme a vastidão e se recolhe.
E passa-se o tempo de uma vida circulando o mesmo buraco.
Dia após dia, circulando o buraco.
Noite após noite, circulando o buraco.
Sonho após sonho, circulando o buraco.
E quando uma alegria repentina leva para longe,
o buraco chama de volta como um ímã poderoso.
E quando uma tristeza pesada quase joga para dentro -
e alguns de fato caem sem chance de volta -
o buraco expele para fora como um corpo expele um espinho.
E a vida volta ao seu dia após dia, sonho após sonho.
Longe, longe, longe
longe do buraco, haveria de ser o paraíso,
Pasárgada,
lá onde o peso do meu corpo sucumbiria à força das minhas asas.

(Agosto de 2012)

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