sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Entre

Minha casa se duplica em duas.
De minha varanda vejo a outra,
semi escondida entre árvores muito antigas.
Parece que é lá que eu deveria viver.
Acorrentada pelo medo, não saio de onde estou.
Empurrada pelo desejo, não me aquieto onde estou.
Começo a caminhar devagar, carregando as correntes.
O cansaço é enorme, mas o desejo não cede.
Chego ao riacho que corre entre as duas casas
e me deito com o rosto na água.
Na exaustão, me entrego.
Entre uma casa e outra
entre o conhecido e o enigma,
descanso.
Amanhã me levanto outra vez,
e talvez as correntes tenham se desprendido.
E talvez eu abra as portas novas
e veja de lá, não sem saudade,
a minha varanda velha.

(Novembro de 2012)

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