sexta-feira, 18 de abril de 2014

Um fio só

Desembolei um fio.
Uma música, um tom de voz, uma saudade.
Livros na mesa, cadernos, o toca-discos girando.
O tom de voz que volta.
Eu, menina embalada.
Reembalada agora, a mesma voz.
Um timbre, um gosto, eu me sendo.
O fio delicadamente estendido.
Sou só a menina, sou mais nada.
Me aceita, Deus, me recolhe.
Sorrio besta no Teu colo.
O fio puxado da quase infância
me deixa mole mole.
Feliz feito menina no colo do pai.
O colo é o gosto, é ser uma coisa que tem gosto,
que é pelo gosto que se conhece uma gente.
Eu gosto do Ednardo.

(Abril de 20140)

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