domingo, 28 de fevereiro de 2016

Cacos

Para o Evandro

Um dia um homem chegou
e adentrou sem pedir licença -
eu deixei.
Depois ele voltou
e me chamou sem me dar tempo -
eu neguei.
Outro dia a memória o trouxe de volta
e ele cresceu outra vez
porque as raízes estavam vivas.
O tempo se comprimiu
como folhas que se interpenetram.
Vinte, trinta ou cinquenta anos,
tudo é sempre.
O que sou se espalha pelas raízes todas que ainda vivem
em cacos, recortes e falhas
que são como espelhos
a me mostrar inteira,
de cada vez.
E a cada vez que me reconheço,
lá está a Tua sombra.

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