quarta-feira, 2 de junho de 2010

Minha pequena cosmologia

Meu corpo e minha alma, unidos indissoluvelmente, formam o que sou. O corpo é fruto dos movimentos da matéria. A alma é fruto dos movimentos das energias sutis do universo. Unidos em mim, me determinam como um ser único. Com a morte, há a separação, o fim da vida é o fim da união, é o fim do que sou. O corpo retorna à terra, realimentando as forças brutas que o criaram. A alma retorna ao universo, realimentando as energias sutis que a criaram. Mas nem um nem outro sou eu mais.
Enquanto vivo, tenho vida mais plena se mais me aproximo da terra e do universo. Pelo corpo sinto as ondas da terra, do mar, do ar e do fogo – e com elas aprendo, e com elas vivo mais intensa e mais bruta e mais selvagem. Pela alma, sinto o sopro divino que anuncia o amor – e com ele aprendo, e com ele vivo mais simples e mais volátil, mais sabedora das sutilezas que cercam o vivido. Pelo corpo e pela alma me aproximo da felicidade suprema de saber-me unida àquilo que me criou.

(Setembro de 2009)

2 comentários:

  1. enquanto o sol se ia aguei as plantas daqui de casa. joguei muita água pra que elas não sintam sede nesse tempo de pouca chuva. mas me envergonhei diante delas, porque sei o nome
    só de algumas. falei os que sabia alto pra que elas ouvissem, mas me arrependi: as de nome desconhecido podiam ficar enciumadas. sei o nome de tantas coisas e pessoas desimportantes,
    mas pouco sei sobre o que há de verde e viçoso no meu próprio quintal, que alegra a parte que mais gosto de minha casa. debaixo da grama, no meio da terra, estão pássaros, cães, gatos e ramsters. seus ossos servem de solo pro que ainda vive. de certa maneira, eles estão na superfície também, embora transfigurados. por isso é preciso dar água pra todos.
    uma orquídea aérea, com sementes nas pontas, secou antes de se continuar. quebradiça,
    tombando para o lado, apoiada numa folhagem, morreu com sua prole. joguei água nela também,
    mais que nas outras. acho que, quando meus pais morrerem, vou sempre levar flores pra eles
    em seus túmulos. na verdade, vou preferir levar plantas vivas, e querer fixar as raízes delas no chão, o mais perto possível de seus corpos. e vou aguá-las bastante, pra que vivam e floreçam sadias, e me façam sentir como se transubstanciassem a vida.
    será que darei a elas nomes próprios?

    P d'A

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  2. Quando o pássaro selvagem pousa em meu jardim com a poesia que o faz voar mais alto do que todos os outros, o jardim se abre exuberante em cores e alegrias.
    Obrigada,
    PS. Os nomes próprios são desnecessários,são só invencionice humana...

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